O projecto Estação Vernadsky toma como ponto de partida o pensamento do geoquímico Soviético Vladimir Vernadsky (1863-1945) caracterizado por uma noção sistémica da realidade e nomeadamente o conceito de Noosfera.

Este pretende ser um projecto com carácter experimental; sendo a ideia de Noosfera tomada como conceito e como forma. A rede criada entre os envolvidos: 4 investigadores convidados, 5 artistas, web-designer&programador, gere um trabalho específico a esse universo de pessoas e ao contexto em que estão imersos. A plataforma online do projecto foi, numa primeira fase, lugar de recolecção, troca de material (textos, imagens, ideias) e diálogo, alimentada e partilhada pelos envolvidos no projecto.

A investigação artística que envolveu residência, mesa redonda e actividades pedagógicas, culmina numa exposição patente no Centro Cultural Emmérico Nunes e no Centro de Artes de Sines de 15 de Julho a 15 Outubro de 2017, na presente versão da plataforma digital e numa publicação que irá agora ser elaborada; as três servem para a apresentação do trabalho desenvolvido, nelas cabendo textos e obras produzidas pelos vários intervenientes como também material referente ao processo de trabalho, documentando e contextualizando o processo reflexivo, crítico e criativo do projecto.

Estação Vernadsky (www)
Como outro modelo de visualização e fruição, a plataforma online estacaovernadsky.com propõe uma hiper-narrativa a partir da exploração intertextual do arquivo construído colectivamente pelos intervenientes no projecto. Uma espécie de cadavre exquis electrónico que corta, mistura e intersecta as várias entradas do index, devolvendo ao utilizador uma leitura original dos conteúdos.

Ao longo de quase um ano, artistas e investigadores, foram alimentando um diálogo online, através da partilha de material no dispositivo. Um índice potencialmente infinito, que reúne e organiza os assuntos por tags e por outras correlações que vão ser depois trabalhadas pelo algoritmo, numa hiper-ficção que conceptualiza, justamente, uma certa noção de noosfera — a esfera do pensamento humano —, cunhada por Vernadsky.

PARTICIPANTES

Alex Gomez-Marin (1981), dirige o Laboratório de Comportamento de Organismos (Instituto de Neurociências, Alicante), doutorado em Física Teórica e mestre em Biofísica, com pós-doutoramentos pela EMBL-CRG (Barcelona) e Fundação Champalimaud (Lisboa), investiga as origens de "movimento biológico" na interseção da neurociência, arte e filosofia.
Álvaro Domingues (1959) é geógrafo, doutorado em Geografia Humana e professor/investigador na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. Entre outras obras, é autor de Rua da Estrada e Vida no Campo (ambas da ed. Dafne, Porto) e Território Casa Comum (com Nuno Travasso, Faup, 2016).
Ana Teresa Ascensão (1981), designer; licenciada em Design de Comunicação (FBAUL, 2004); com mestrado em Ciências da Comunicação – Comunicação e Artes (FCSH/UNL 2013); é doutoranda na FBAUL, onde pesquisa sobre intertextualidade e hipertextualidade a partir do legado intelectual de Aby Warburg. Mantém desde 2005 a plataforma ATA Design (ata-design.net), desenvolvendo a prática do design de comunicação para instituições culturais, sociais e projectos artísticos, bem como do design de interacção para ambientes digitais.
Dois Dias Edições (2011) tem por interesses as tangentes entre arte e literatura. Sediada em Lisboa, desenvolve os seus próprios modelos de edição. Nasce da resiliência de dois leitores-editores – Rui de Almeida Paiva e Sofia Gonçalves — que, em diálogo com outros autores, investem na exploração das dinâmicas editoriais em todas as suas dimensões.
Garcia da Selva (Manuel Mesquita) nasceu em Lisboa (1977) e licenciou-se em Antropologia Social (ISCTE, 2002). Participa em projectos musicais, sonoros, filmográficos, performáticos e em outros híbridos artísticos desde 1999, a sós e acompanhado.
José Carlos Calazans (1958). Doutorado em História e Orientalista. Docente na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (2013-2017) e na Academia Portuguesa da Força Aérea (2010-2012); investigador no “Centre d’Études de l’Inde et de l’Asie du Sud (CNRS-EHESS); membro integrado do Centro de Filosofia das Ciências da FCL e do grupo de investigação de Filosofia da Física Quântica: Não-Linearidade e Euritmia.
Mafalda Santos (1980) Licenciada em Artes Plásticas - Pintura (FBAUP, 2004). O seu trabalho tem-se desenvolvido principalmente no domínio da pintura e do desenho e instalação site-specific. Actualmente gere com Manuel Mesquita o programa de residências artísticas Moinho da Fonte Santa em Alandroal.
Estudou engenharia informática na Universidade Autónoma de Lisboa. Programador de web em regime freelancer com 15 anos de experiência. Desenvolve soluções interactivas para ambientes web and mobile.
Ricardo Pistola (1980). Licenciado em Artes Plásticas - Pintura (FBAUP, 2003); Mestre em Educação Artística (FBAUP, 2013); atualmente bolseiro da FCT no âmbito do Doutoramento em Educação Artística na FBAUP. O seu trabalho desenvolve-se na prática do desenho, da pintura, serigrafia e instalação.
Sara Morgado Santos (1979), estudou artes plásticas (ESAD-CR); Ciências da Comunicação – Cinema e televisão (FCSH); e recentemente concluiu o programa de estudos avançados em Cenografia e Performance no APASS, em Bruxelas. Trabalha com imagem em movimento e cenografia. Vive e trabalha entre Bergen e Lisboa.
Soraya Vasconcelos (1977) artista plástica, docente; licenciada em Pintura (FBAUL, 2002), estudou também Fotografia e Filosofia. Doutorou-se na área das Artes Visuais pela Universidade do Algarve (2014). O seu trabalho diversifica-se pela prática da fotografia, desenho, gravura, instalação.
Susana Gaudêncio (1977), artista plástica, docente; licenciada em Pintura (FBAUL, 2002), com mestrado em Studio Arte pela City University Nova Iorque (CUNY 2008). Investigadora da Universidade de Lisboa sobre o tema "Máquinas de Imaginar. O impulso Utópico na Arte Contemporânea. O seu trabalho concentra-se naprática do desenho, da animação-vídeo, na instalação e nas publicações de artista.